O sol está mergulhando na Strip quando Jacob ‘Sew’ Duran entra no Mayweather Boxing Membership para a etapa closing de sua ‘corrida na academia’.
O cutman, de 72 anos, é uma das figuras mais respeitadas do boxe, tendo trabalhado com lutadores como Andre Ward, Tyson Fury e os dois irmãos Klitschko.
De vez em quando, Duran visita os clubes de luta de sua cidade natal adotiva – apenas para “disparar”, diz ele. ‘Deus, não existe nada melhor do que isso.’
Faltam apenas alguns dias para a revanche pelo título dos pesos pesados entre Fury e Oleksandr Usyk. Mas neste canto de Chinatown, a uma curta distância de carro dos cassinos e do caos, tudo está tranquilo.
Alguns membros do clã Mayweather estão reunidos em cadeiras de plástico. Alguns lutadores estão encerrando seus treinos. Este já foi o epicentro das maiores lutas do boxe, onde Floyd Mayweather aprimorou sua arte antes de seguir alguns minutos para o sul para ganhar fortuna.
O nome de Mayweather permanece acima da porta. Seu rosto ainda aparece por cima do anel de pôsteres e pinturas. As placas ainda lembram os combatentes de pagarem suas dívidas e deixarem suas armas em casa. Mas hoje, Floyd está em outro lugar e os olhos do mundo do boxe também.
Durante décadas, Las Vegas foi conhecida como ‘Struggle City’ e a capital mundial do boxe
O estacionamento do Palácio de César tornou-se território sagrado depois de sediar várias lutas históricas
Nos anos mais recentes, Floyd Mayweather abriu uma academia em Las Vegas para treinar para suas grandes lutas.
Há cinco anos neste mês, Anthony Joshua venceu Andy Ruiz em Diriyah. Foi a primeira luta pelo título dos pesos pesados no Oriente Médio e a noite em que as areias começaram a se deslocar de Nevada para o deserto da Arábia Saudita. Fury e Usyk se encontram novamente em Riad no sábado.
Por muito tempo, porém, esta foi Struggle City. A capital mundial do boxe. Agora – como diz um número – o boxe foi praticamente “abandonado” por Las Vegas. Muitos temem que nunca mais volte. Não como period antes, de qualquer maneira. O boxe agora tem novos companheiros. A Cidade do Pecado também.
Nas últimas semanas, Las Vegas sediou a Fórmula 1, o rodeio, a closing da Copa da NBA e um encontro das maiores estrelas do golfe. A cidade já possui instances da NFL, NHL e WNBA; o trabalho está em andamento para construir uma franquia da MLB em ‘Sports activities City USA’. Mas do jeito que está, há apenas uma luta pelo título mundial em Las Vegas no calendário.
Não importa que muitos no boxe ainda chamem este lugar de lar. Na academia Mayweather, Duran abraça os ex-campeões mundiais Cornelius Boza-Edwards e Joel Casamayor. E a cada três minutos, o sino toca para sinalizar o fim de mais uma rodada. Mesmo depois que a academia estiver vazia.
‘The Immortal’ Joe Louis está perto das mesas de roleta dentro do Caesars Palace. O ex-campeão dos pesos pesados não esteve envolvido na primeira grande luta em Las Vegas, que aconteceu em um antigo estádio em 1955. Ele nunca lutou aqui. Mas o Brown Bomber foi “instrumental” quando o boxe tomou conta de Las Vegas.
Louis trabalhou como recepcionista no Caesars e sua estátua permanece no cassino.
“Quando viajávamos por todo o mundo, as pessoas vinham e nos diziam: ‘Conheci Joe Louis no Caesars Palace!”’, lembra Gene Kilroy, braço direito de Muhammad Ali e ex-executivo de cassinos de Las Vegas. ‘Foi assim que tudo começou aqui. Viriam os atletas, depois viria o povo. E então vieram as brigas.
Nesta cidade de néon, o verde brilha sempre mais e o boxe ofereceu aos hotéis uma avenida para os seus clientes preferidos: pessoas que têm dinheiro e estão dispostas a arriscá-lo nos casinos.
A luta cruzada de Mayweather contra Conor McGregor trouxe uma série de celebridades a Las Vegas
Gene Kilroy trabalhou como braço direito de Muhammad Ali e executivo de cassino em Las Vegas
Quando Ali lutou contra Leon Spinks em 1978, o pai de Elvis Presley saiu para assistir e conhecer o boxeador
‘Lembro que disseram que quando Elvis estava no Hilton, a queda no jogo não period tão alta, mas no boxe… Um cara veio aqui e perdeu US$ 12 milhões na luta entre Ali e (Larry) Holmes’, diz Kilroy.
‘Ele tirou uma foto com Ali. Ele jantou com Ali. Esse foi o ponto alto de sua vida. Ele não estava preocupado com os US$ 12 milhões.
Enquanto isso, as lutas televisionadas ofereciam “publicidade” numa época em que muitos americanos ainda estavam aprendendo sobre o apelo – err, único – de Vegas.
“Lloyd Worth, o grande cantor, disse que quando as lutas fossem aqui, esqueça de conseguir um quarto de resort. Você não conseguia nem receber um telefonema porque estava tão ocupado”, diz Kilroy.
‘Quando Ali lutou com Leon Spinks (em 1978), convidei o pai de Elvis.’ Eles se conheceram depois que The Biggest perdeu. “Ali disse: “Espero não ter decepcionado você”, lembra Kilroy. A resposta? ‘Você nunca poderia me decepcionar, meu filho te amava muito.’
Poucas figuras misturaram boxe e showbusiness como ‘Sew’ Duran. Ele foi contratado como cutman de Wladimir Klitschko depois de trabalhar sua ‘luta’ em Las Vegas no filme ‘Ocean’s Eleven’.
Ele pertencia a este lugar e o boxe também. O brilho, o present, o dinheiro. “A história”, diz o ex-rei dos meio-médios Shawn Porter. As academias eram um ‘viveiro’ de talentos e quando surgiu o chamado para lutar na Strip, os lutadores sabiam: ‘Finalmente ‘conseguimos’.’
As receitas do jogo permitiram que os casinos oferecessem aos promotores lucros incomparáveis; aos fãs foi garantida uma semana de vício e violência nesta ‘Disneylândia para adultos’.
Thomas Hearns conheceu Marvin Hagler no Caesars Palace em uma das maiores lutas de todos os tempos
Nas últimas décadas, Mayweather fez do MGM Grand Backyard Enviornment uma segunda casa
Mike Tyson com Jacob ‘Sew’ Duran
“Period um destino mais legítimo e magnético para as lutas do que qualquer outro lugar onde as cobri”, diz o lendário locutor da HBO, Jim Lampley.
Grandes lutas tomaram conta da cidade; Frank Sinatra e outras celebridades aglomeravam-se ao lado do ringue.
“Foi mágico”, disse uma fonte. E assim permaneceu até recentemente. Floyd Mayweather x Conor McGregor em 2017, diz Porter, é ‘a única luta em que estive que trouxe todos os atores, todos os comediantes, todos os músicos, todos os atletas’.
Ele se lembra de ter esbarrado em Ice Dice e se apresentado. ‘Eu sei quem você é’, respondeu o rapper. ‘Meu queixo caiu.’
A luta em si não deu certo, mas muitas outras lutas iluminaram The Strip. O estacionamento do Caesars tornou-se terreno sagrado graças a Ali, ‘Sugar’ Ray Leonard, Thomas Hearns and Co. Mayweather fez do MGM Grand uma segunda casa; esta cidade fez dele o atleta mais bem pago do mundo. Em seu apogeu, dizia-se que as lutas de Mayweather valiam mais de US$ 100 milhões para a economia de Las Vegas.
Poucas rodadas na história foram tão gloriosamente caóticas quanto a décima entre Diego Corrales e José Luis Castillo no Mandalay Bay, quando Corrales saiu da lona – duas vezes – antes de parar seu rival.
O próximo ano marca 20 anos desde aquela luta – e 18 anos desde a morte de Corrales, com apenas 29 anos. Sua viúva, Michelle Corrales-Lewis, agora dedica sua vida a preservar o legado do boxe em Las Vegas. Ela é CEO do Corridor da Fama do Boxe de Nevada.
“Houve um tempo em que (se) você chegasse às luzes de Las Vegas… isso significava alguma coisa”, diz Corrales-Lewis. ‘Só posso continuar a rezar para que eles consigam (brigas) de volta aqui.’
O próximo ano marca 20 anos desde que Diego Corrales (L) derrotou sensacionalmente Jose Louis Castillo (R)
Esta semana, Oleksandr Usyk enfrenta Tyson Fury pelo título unificado dos pesos pesados na Arábia Saudita
O problema? Vegas começou a procurar outro lugar antes mesmo de a Arábia Saudita mergulhar nos bolsos mais fundos do boxe e assumir o controle do esporte. “A cidade simplesmente não captura a cidade como antes”, diz Tim Dahlberg, que narrou a história do boxe aqui em “Struggle City”.
Kilroy acredita que o começo do fim veio quando os Klitschkos controlaram a divisão de pesos pesados da Alemanha. Outros culpam os promotores – temendo que tenham perseguido o “ouro dos tolos” – e os boxeadores por lutarem muito raramente.
Por muito tempo, o jogo significou apenas a aventura do boxe no deserto. Os cassinos batalhariam para sediar grandes lutas.
Agora? “Seria difícil conseguir que alguém se interessasse”, diz Dahlberg. Isso apesar de Porter insistir que as academias estão “esquentando” mais uma vez e que a Arábia Saudita “nunca substituirá uma luta em Las Vegas”.
Agora, outros desportos oferecem rendimentos mais fiáveis e os hotéis encontraram diferentes fontes de rendimento. Como convenções. “Sempre há outro caminho”, diz Kilroy, que tem 84 anos e ainda mora aqui.
Corrales-Lewis espera que um dia um museu do boxe seja inaugurado na Strip. O esporte ainda não é história. Mas em Chinatown, quando Duran sai do Mayweather Boxing Membership, o sol já está quase se pondo.
“Havia um romance muito sério entre a cidade e o boxe – e ambos se beneficiaram incrivelmente”, diz Dahlberg. ‘Foi uma ótima época. Mas as eras vêm e vão. E este praticamente desapareceu.