Num estudo publicado na Nature Astronomy, investigadores da Universidade de Cambridge lançaram dúvidas sobre a possibilidade de Vénus alguma vez ter albergado oceanos ou sustentado vida. As descobertas, derivadas de uma análise da química atmosférica de Vénus, sugerem que o planeta pode ter sido desprovido de água líquida ao longo da sua história. Apesar das suas semelhanças com a Terra em termos de tamanho e proximidade do Sol, Vénus parece ter sempre sido um ambiente inabitável.
Análise Química Revela História Seca
O investigação concentrou-se na composição atmosférica de Vênus, examinando como gases importantes como vapor de água, dióxido de carbono e sulfeto de carbonila são destruídos e reabastecidos. Tereza Constantinou, estudante de doutoramento no Instituto de Astronomia de Cambridge e principal autora do estudo, explicou que o inside e o exterior do planeta interagem quimicamente, o que fornece informações sobre o seu passado. Foi descoberto que os gases vulcânicos de Vénus são compostos por menos de 6% de vapor, apontando para um inside planetário seco, incapaz de sustentar oceanos baseados em água.
Teorias sobre a evolução de Vênus
Duas teorias predominantes procuraram explicar a evolução de Vênus. Um postula que o planeta inicialmente hospedava água líquida, mas a perdeu devido a um efeito estufa descontrolado. A outra sugere que Vênus “nasceu quente”, com condições inadequadas para a água desde o início. As descobertas da equipe estão alinhadas com esta última, indicando uma história fundamentalmente árida.
Implicações para a pesquisa de exoplanetas
Constantino, Falando à WordsSideKick.com, observou que essas conclusões podem influenciar a busca por exoplanetas habitáveis. Planetas com condições semelhantes às de Vénus podem já não ser considerados os principais candidatos para sustentar vida. Ela afirmou que se Vênus nunca tivesse tido oceanos, a probabilidade de planetas semelhantes hospedarem condições habitáveis diminuiria.
A próxima missão DAVINCI da NASA, programada para lançamento em 2029, pode fornecer mais clareza, conforme relatórios. A sua sonda, que deverá descer através da atmosfera de Vénus, poderá oferecer informações cruciais sobre as condições da superfície do planeta, embora não tenha sido concebida para sobreviver à descida.
As descobertas destacam a evolução única de Vénus e reforçam a necessidade de uma exploração focada de exoplanetas com maior potencial de habitabilidade.